Assine a petição para mudar a Constituição do Estado de São Paulo, em defesa da vida e contra o aborto!
No dia 29 de novembro último, foi lançado o projeto de iniciativa popular em defesa da vida pela Diocese de Taubaté e já foram colhidas mais de 10 mil assinaturas.
De sua parte, a Diocese de Guarulhos, por iniciativa do Bispo Dom Luiz Bergonzini, lançou pela internet a “Campanha São Paulo Pela Vida” para colher assinaturas, no mesmo sentido, para um Projeto de Emenda Constitucional Estadual de iniciativa popular, que propõe acrescentar um artigo na Constituição Estadual do Estado de São Paulo, que assegure o DIREITO À VIDA desde a fecundação (nascituro) até a morte natural.
Sua assinatura é muito importante para o nosso abaixo-assinado! Ela pode ajudar a salvar muitas vidas humanas inocentes.
Como isso é possível?
Pela Constituição do Estado de São Paulo (art. 22 §4º), é possível entrar com uma emenda constitucional de iniciativa popular, desde que se consiga a aprovação de 1% do eleitorado que, no Estado de São Paulo, soma pouco mais de 30 milhões de eleitores. Este percentual representa 300.000 assinaturas válidas.
A proposta desta emenda tem por finalidade acrescentar na Constituição do Estado de São Paulo que a vida é inviolável desde a fecundação até a morte natural.
Quem promove essa campanha?
Essa iniciativa da Diocese de Guarulhos tem apoio de diversas associações. Se você possui uma entidade entre no site e veja como é fácil apoiar essa Campanha.
Convocação
Convocamos, pois a todos aqueles do Estado de São Paulo que forem pela vida, contra o aborto, contra esta verdadeira matança de inocentes que participem desta campanha.
Na postagem anterior, publicamos alguns trechos escolhidos do livro O Espírito Familiar no Lar, na Cidade e no Estado, de autoria de Mons. Henri Delassus (1836 - 1921), sobre o desígnio do Divino Criador para a instituiçäo familiar, na gênese da Civilizaçäo. Em continuaçäo, o escritor católico antimodernista nos faz ver que os Estados, à medida que espelham, em ponto maior, a família bem constituída, florescem; e à medida que eles se afastam desse princípio, descambam para o caos.
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Ruínas do Fórum Romano: neste conjunto de edifícios, na Roma antiga, desde a época republicana desenvolvia-se a vida pública do Estado romano, na qual ocupava papel saliente organismos como as gentes
"A família näo é apenas o elemento primeiro de todo Estado, mas o seu elemento constitutivo, de tal modo que a sociedade regular -- tal como ela existe -- näo se compöe de indivíduos, mas de famílias. Atualmente só os indivíduos contam, e o Estado só reconhece cidadäos isolados. Isto é contrário à ordem natural. Como disse muito bem Savigny, o Estado, uma vez formado, tem por elementos constitutivos as famílias, näo os indivíduos. Antigamente era assim, e o que o demonstra de modo sensível é que os recenseamentos populacionais näo contavam as pessoas, mas os fogos, isto é, os lares. Cada lar era considerado o centro de uma família, e cada família era, dentro do Estado, tanto uma unidade política e jurídica, quanto econômica.
"Buisson afirmou: `O dever da Revoluçäo é emancipar o indivíduo, a pessoa humana, célula elementar orgânica da sociedade'. É bem essa, com efeito, a tarefa que a Revoluçäo se impôs, mas que conduz a nada menos que desorganizar a sociedade e dissolvê-la. O indivíduo é apenas um elemento dentro dessa célula orgânica da sociedade, que é a família. Separar os seus elementos, fazer o individualismo, é destruir-lhe a vida, é torná-la impotente para preencher seu papel na constituiçäo do ser social, como o faria, nos seres vivos, a dissociaçäo dos elementos da célula vegetal ou animal.
"Isso era täo bem compreendido em Roma, que o Estado romano primitivo só conhecia as gentes, e para se ter uma situaçäo legal era necessário ser membro de uma dessas corporaçöes. Diz Flach: `O filho de família emancipado, o escravo liberto, os estrangeiros vindos a Roma à procura de asilo, deviam se submeter a um chefe de família'.
"Da mesma forma na França, durante a alta Idade Média: `Nenhum lugar para o homem isolado - diz o mesmo autor. Se uma família vem a decair ou a se dissolver, os elementos que a compöem devem se agregar a uma outra. Näo encontrar tal asilo significa a morte'. Em todos os lugares a família é, nas boas épocas da história dos povos, aquilo em que a democracia (*), para nossa desgraça, transformou o indivíduo: a unidade social.
As famílias são os pilares dos Estados
"Reencontramos aqui as grandes leis que Deus estabeleceu por meio da criaçäo do homem, na sociedade primitiva, a fim de que elas continuassem a reger todas as sociedades humanas, qualquer que seja o desenvolvimento que elas adquiram.
"Se existem leis para as formigas e abelhas — diz de Bonald —, como é possível pensar que näo haja leis para a sociedade humana, e que ela tenha sido abandonada aos seus próprios caprichos? Rousseau pensou assim, e se pôs a formular para os Estados leis diferentes das que lhe deu o Criador. E os democratas, seus discípulos, esforçando-se para aplicar suas liçöes - e estabelecer nos Estados a igualdade, oposta à hierarquia, a liberdade, oposta à autoridade, a independência recíproca, oposta à uniäo -, näo podem senäo destruí-la, e destruí-la pela base.
"Se os povos säo constituídos apenas de famílias vivas, e se as leis impostas por Deus à família devem ser as de toda a sociedade, é necessário aos Estados reproduzir em si algo daquele primeiro tipo. Todos os estudiosos estäo de acordo sobre este ponto. `Os gregos e os romanos — diz o Pe. Fleury —, täo renomados pela sabedoria deste mundo, ensinavam a política governando as famílias. A família é uma imagem do Estado em ponto pequeno. É sempre conduzir os homens vivendo em sociedade'. (Opuscules I, p. 292).
"Segundo diz Jean Bodin no segundo capítulo do primeiro livro da sua obra: a mesnage é um direito governativo de vários indivíduos, sob obediência a um chefe de família. A república é um direito governativo de várias mesnages, e do que lhes é comum, com poder soberano. É impossível que a república valha alguma coisa se as famílias, que lhe säo os pilares, säo mal fundadas.
"Leäo XIII ensina do mesmo modo: `A família é o berço da sociedade civil, e é dentro desse círculo doméstico que se prepara, em grande parte, o destino dos Estados. (Sapientiae christiana). Em outro local, afirma: `A sociedade familiar contém e fortifica os princípios e, por assim dizer, os melhores elementos da vida social. Portanto, é disso que depende em grande parte a tranqüilidade e prosperidade das naçöes'. (Quod multum). É com razäo, portanto, que de Bonald diz: `Quando as leis da sociedade dos homens säo esquecidas pela sociedade política, elas se reencontram na sociedade doméstica....".
Rei: pai dos pais -- Pai: rei dos filhos
Num regime político – como o era a monarquia anterior à Revolução Francesa – essencialmente familiar, em que os reis eram paternos, os pais de família, no interior delas, comparavam-se a um rei. O desenho bem ilustra essa vinculação mesmo num lar modesto , no qual o pai exercia um poder como que régio sobre os membros da família
"Viollet, na sua Histoire des Constitutions de la France, definiu assim o caráter da nossa antiga monarquia [até a Revoluçäo Francesa]: `A autoridade do rei era quase a do pai de família. Também o poder patriarcal e o poder real säo, na sua origem, parentes muito próximos. Voltando ao mesmo assunto em outro local, ele repete: `É manifesto que o rei desempenha o papel de um chefe de família patriarcal'.
"Como o pai de família, o rei era no reino a fonte de toda justiça. Summum justitiae caput.... Este é o papel mais importante do rei: ele é o justiceiro pacificador, o apaziguador das discórdias, o guardiäo das liberdades e da paz pública, que veio a chamar-se a paz do rei. Além disso, o rei fazia a justiça de modo diferente, ouvindo as reclamaçöes como um senhor aos seus vassalos, como um pai aos seus filhos....
"É bem verdadeira a observaçäo de Funck-Brentano: `Nada é mais difícil para um espírito moderno do que compreender o que eram, na antiga França, a personalidade real e os sentimentos pelos quais os súditos lhe estavam unidos'. Dizia-se comumente que o rei era o pai de seus súditos. Estas palavras correspondem a um sentimento real e concreto, tanto da parte do soberano como da naçäo. La Bruyère, que pöe sempre tanta precisäo no que diz, afirma: `Chamar o rei de pai do povo é menos um elogio do que uma definiçäo'. E Tocqueville afirma: `A naçäo tinha pelo rei, ao mesmo tempo, a ternura que se tem por um pai e o respeito que só se deve a Deus'.
"Escrevendo sobre a funçäo da realeza francesa, na Reforma Social, de 1º de novembro de 1904, Funck-Brentano afirmou: `Originariamente pai de família, o rei morava na alma popular, vagamente e sem que ela disso se apercebesse, como o pai junto ao qual se vai procurar apoio e abrigo. Para ele, ao longo dos séculos, se voltaram instintivamente os olhares em caso de desgraça ou necessidade....".
"Com efeito, toda sociedade que conserva o espírito familiar prospera por assim dizer necessariamente, pelo fato de permanecer submissa à lei da natureza. Nada na História — diz Funck-Brentano — jamais negou esta lei geral: Enquanto uma naçäo se governa de acordo com os princípios constitutivos da família, ela floresce; a partir do dia em que se afasta dessas tradiçöes que a criaram, a ruína está próxima. Aquilo que serve para fundar as naçöes serve também para sustentá-las.
Nota
As críticas que neste texto se fazem à "democracia" e aos "democratas" devem ser entendidas, evidentemente, no sentido da democracia revolucionária, baseada nos princípios igualitários e liberais da Revoluçäo Francesa, como o säo, de modo geral, as democracias modernas. Näo da democracia enquanto forma de governo em tese, que Santo Tomás de Aquino qualifica como uma das formas legítimas de governo, nem da democracia orgânica. Aos leitores legitimamente desejosos de aprofundar as diferenças entre democracia orgânica e democracia revolucionária aconselhamos a leitura da magnífica obra de Plinio Corrêa de Oliveira, "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuçöes de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana", especialmente o capítulo III.
Sendo a instituiçäo familiar um dos principais alvos dos promotores da corrupçäo dos costumes em nossos dias, há grande necessidade de alicerçar essa instituiçäo em conceitos sólidos, para que ela possa defender-se com mais facilidade contra o mar de lama moral que ameaça submergi-la.
Para esse efeito, publicamos a seguir trechos seletos do esplêndido livro O Espírito Familiar no Lar, na Cidade e no Estado, de Mons. Henri Delassus (em vermelho abaixo), no qual este conceituado escritor e polemista católico demonstra a importância da família na origem histórica da Civilizaçäo, como fonte de vida das sociedades, segundo os planos do Criador.
Mons. Henri Delassus (1836 - 1921)
Foi ordenado sacerdote em 1862. Como jornalista colaborou na revista "Semaine Religieuse", da diocese de Cambrai, publicaçäo esta da qual se tornou proprietário, diretor, e principal redator em 1874. Escreveu vários livros que muito contribuíram para a luta, no início desse século, contra a heresia modernista e o liberalismo, no plano religioso.
Tal combate foi dirigido pelo grande Papa Säo Pio X, que premiou esse insigne polemista francês, nomeando-o Protonotário Apostólico em 1911.
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"Deus criou Adäo, e depois tirou do corpo dele a carne da qual fez o corpo de Eva. Abençoou entäo o homem e a mulher, e lhes disse: `Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei e dominai a terra'.
"Deus criou assim a família, transformou-a numa sociedade e a constituiu de acordo com um plano totalmente diverso da igualdade social: a mulher submissa ao homem e os filhos submissos aos pais.
"Nas próprias origens do gênero humano, portanto, nós encontramos as três grandes leis sociais: a autoridade, a hierarquia e a uniäo. A autoridade, que pertence aos autores da vida; a hierarquia, que torna o homem superior à mulher e os pais superiores aos filhos; e a uniäo, que deve conservar entre si aqueles que o mesmo sangue vivifica".
Os Estados säo originários dessa sociedade primeira
"A família - diz Cícero - é o princípio da cidade, e de alguma forma a semente da res publica. A família se divide, embora permanecendo unida; os irmäos, bem como seus filhos e netos, näo podendo mais abrigar-se na casa paterna, saem para fundar casas novas, como novas colônias. Eles formam alianças, donde surgem novas afinidades e o crescimento da família. Pouco a pouco as casas se multiplicam, tudo cresce, tudo se desenvolve, e nasce a res publica" (República, livro I, 7).
"Tais säo propriamente as origens do povo de Deus. No início Abraäo funda uma família nova, e dela surgem doze tribos que vêm a constituir um povo".
O mesmo aconteceu com os gentios
"Fustel de Coulanges, no seu célebre livro A Cidade Antiga, demonstrou que nas ilhas gregas, como também na Itália dos romanos, o Estado nasceu do lar doméstico. A fratria dos gregos (sociedade de irmäos), como a gens dos romanos (sociedade das famílias formadas a partir do mesmo tronco), eram apenas uma família mais ampliada reunida sob um mesmo chefe, que em Roma tinha o nome de pai, pater, e em Atenas o de Eupátrida, pai bom.
"Na origem das civilizaçöes assíria, egípcia e outras encontram-se também uma família ou algumas famílias que se desenvolvem, e em torno das quais outras famílias vêm se agrupar para formar a tribo, e depois as tribos se aglomeram para formar as naçöes"....
Família enquanto geradora da pátria
"O conjunto das pessoas sob a autoridade do pai de família chama-se família. A partir do século X, [na França] o conjunto das pessoas reunidas sob a autoridade do senhor, chefe da mesnie, (*) chama-se família. O conjunto das pessoas reunidas sob a autoridade do baräo, chefe do feudo, chama-se família. E veremos que o conjunto das famílias francesas foi governado como uma família.
"O território sobre o qual se exerciam essas diversas autoridades, quer se tratasse do chefe de família, do chefe da mesnie, do baräo feudal ou do rei, era denominado da mesma forma nos documentos: pátria, o domínio do pai. `A pátria -- diz Funck-Brentano -- foi na sua origem o território da família, a terra do pai. O uso da palavra se estendeu à terra senhorial e ao reino inteiro, em que o rei era o pai do povo. O conjunto dos territórios sobre os quais se exercia a autoridade do rei chamava-se pátria'"....
Papel da família como celula mater
"Por toda parte a civilizaçäo começou pela família. Aqui e ali nascem homens nos quais se desenvolvem e atuam mais poderosamente o amor paterno e o desejo de se perpetuar nos seus descendentes. Eles se dedicam ao trabalho com mais ardor, impöem aos seus apetites um freio mais contínuo e mais sólido, governam sua família com mais autoridade, inspiram-lhe costumes mais severos, que eles imprimem nos hábitos que a fazem contrair. Esses hábitos se transmitem pela educaçäo, e se tornam tradiçöes que mantêm as novas geraçöes na via aberta pelos ancestrais. A marcha nessa via conduz a família a uma situaçäo cada vez mais alta. Ao mesmo tempo, a uniäo que conservam entre si todos os ramos do tronco primitivo lhes dá uma pujança que cresce dia a dia, com o número que se multiplica e as riquezas que se acumulam pelo trabalho de todos.
"Nessa situaçäo eminente, esta família torna-se o centro de atençäo daquelas que a circundam. Estas lhe pedem abrigo e proteçäo, e em contrapartida prometem assistência. Entre eles há os que se sentem estimulados pela prosperidade que presenciam, e a ambicionam para si mesmos, deixando-se governar e instruir, esforçando-se por praticar as virtudes cujos exemplos e resultados eles têm diante dos olhos"....
Papel da família na edificação da Cristandade
"No caso da França, em meio às ruínas acumuladas pelas invasöes dos bárbaros [principalmente dos normandos e magiares a partir do século X], näo havia mais ordem, porque näo havia mais autoridade. Sob a açäo dos santos, várias famílias se ergueram, animadas pelos sentimentos que o cristianismo começava a difundir no mundo: sentimentos de devotamento pelos pequenos e os fracos, sentimentos de concórdia e amor entre todos, sentimentos de reconhecimento e de fidelidade para com os protegidos. A hagiografia dessa época nos faz assistir por todo lado a esse espetáculo de famílias que se erguem desse modo acima das outras, pela força das suas virtudes.
"Acima de todas se ergueu, no século X, a família de Hugo Capeto, que edificou a França pela paciência do seu espírito, pela perseverança do seu devotamento, pela continuidade dos seus serviços. É necessário acrescentar: `E pela vontade e a graça de Deus'. Quando o Conde de Maistre ressaltou a frase da Sagrada Escritura `Sou Eu que faço os reis', ele näo deixou de acrescentar: `Isto näo é uma metáfora, mas uma lei do mundo político. Ao pé da letra, Deus faz os reis. Ele prepara as raças reais, e as amadurece em meio a uma nuvem que esconde as suas origens. Assim elas aparecem coroadas de glória e honra'".
(Mgr. Henri Delassus, L'Esprit Familial dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 11-21).
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(*) Mesnie, magnie, maison: casa, família, como se diz ainda hoje "a casa de França".
No outro dia eu estava passando aspirador quando meu filho veio correndo no quarto. “Mamãe, mamãe, deixa eu te ajudar”, ele gritou. Suas pequeninas mãos envolveram meus joelhos e seus grandes olhos marrons estavam olhando para mim. Uma grande explosão de felicidade tomou conta de mim.
"Eu amo o jeito como sua cabeça se aninha na dobra do meu pescoço. Eu amo o jeito como seu rosto se transforma numa máscara de ansiosa concentração quando eu o ajudo a aprender o alfabeto. Mas acima de tudo, eu simplesmente amo ouvir sua voz de criança me chamando: ‘Mamãe, mamãe.' ”
Isso me faz lembrar quão abençoada eu sou. A verdade é que eu quase perdi a chance de me tornar mãe, por ter ser criada por uma feminista fanática que me ensinou que a maternidade era a pior coisa que podia acontecer a uma mulher.
Veja, minha mãe me ensinou que as crianças escravizam as mulheres. Eu cresci acreditando que crianças eram somente um grande peso na vida, e que a idéia da maternidade ser capaz de lhe fazer totalmente feliz era uma completa ilusão, um conto de fadas.
De fato, ter um filho tem sido a experiência mais gratificante de toda a minha vida. Longe de me “escravizar”, o meu filho Tenzin de três anos e meio tem aberto o meu mundo. Meu único arrependimento é ter descoberto as alegrias da maternidade muito tarde. Venho tentando ter um segundo filho há dois anos, mas até agora sem sorte.
Eu fui criada para acreditar que mulheres precisam de um homens como um peixe precisa de uma bicicleta. Mas eu sinto fortemente que a criança precisa dos dois e o pensamento de criar Tenzin sem o meu companheiro Glen, 52, seria aterrorizador.
Como filha de pais separados, eu agora sinto muito bem as consequências dolorosas de ter sido criada naquelas circunstâncias. O feminismo tem muito o que responder pela degradação do homem e por encorajar as mulheres a buscar independência, qualquer que fosse o custo para suas famílias.
Os princípios feministas da minha mãe influenciaram todos os aspectos da minha vida.
Quando eu era criança pequena, eu não tinha permissão nem de brincar com bonecas ou qualquer brinquedo que poderia fazer surgir em mim o instinto maternal. Estava impregnado em mim que ser mãe, educar uma criança e ser dona de casa era uma forma de escravidão. De acordo com ela, ter uma carreira, viajar o mundo e ser independente era realmente o que importava.
Eu amo muito a minha mãe, mas eu não a vi nem falei mais com ela desde que engravidei. Ela nunca viu meu filho, seu único neto. Meu crime? Ousar questionar sua ideologia.
Bom, então que seja assim. Talvez minha mãe seja reverenciada por mulheres de todo o mundo – muitas até podem ter um trono para ela. Mas eu honestamente creio que é hora de quebrar o mito e revelar como era de fato crescer como uma criança fruto da revolução feminista.
Meus pais se conheceram e se apaixonaram em Mississippi durante o movimento dos direitos civis. Meu pai [Mel Leventhal] era um advogado brilhante, filho de uma família judia que fugiu do holocausto. Minha mãe era a empobrecida oitava filha de um casal de lavradores da Geórgia. Quando eles se casaram em 1967, casamentos multi-raciais ainda era ilegais em alguns estados.
Quando eu tinha oito anos, meus pais se divorciaram. Desde então eu estava entre dois mundos – a comunidade branca, rica, muito conservadora e tradicional de um subúrbio em Nova York, e a comunidade multi-racional progressista da minha mãe na Califórnia. Eu ficava dois anos com cada um – um jeito bem esquisito de fazer as coisas.
Ironicamente, minha mãe tem a si mesma como uma grande mulher maternal. Por acreditar que as mulheres são esmagadas, ela fez campanha pelos direitos feministas por todo o mundo e levantou organizações para ajudar mulheres abandonadas na África – oferecendo a si mesma como uma figura de mãe.
Mas, apesar dela ter cuidado de filhas por todo o mundo e ser altamente reverenciada pelo seu serviço e trabalho público, minha infância conta uma historia bem diferente. Eu estava entre uma de suas últimas prioridades – depois do trabalho, da integridade política, auto-satisfação, amigos, vida espiritual, fama e viagens.
Minha mãe sempre fazia o que ela queria – por exemplo, tirar dois meses de ferias na Grécia durante o verão, me deixando com parentes quando eu era adolescente. Isso eram independência ou simplesmente egoísmo?
Eu tinha 16 anos quando eu encontrei um poema, agora famoso, que me comparava com as diversas calamidades que atrapalhavam e impediam a vida de outras mulheres escritoras. Virginia Woolf era mentalmente doente e os Brontes morreram prematuramente. Minha mãe me tinha como uma “deleitosa distração’, mas ainda assim uma calamidade. Aquilo foi um grande choque para mim, e muito irritante.
De acordo com a ideologia estritamente feminista dos anos ‘70, as mulheres eram primeiramente irmãs, e minha mãe escolheu me ter como sua irmã, em vez de sua filha. A partir dos meus 13 anos, eu passei a ficar vários dias sozinha enquanto minha mãe se retirava para trabalhar em seu escritório, a umas 100 milhas de distância. Ela me deixava dinheiro para comprar minha própria comida, e eu vivia uma dieta de fast food.
Irmãs juntas
Uma vizinha, não muito mais velha que eu, foi encarregada de tomar conta de mim. Eu nunca reclamei. Eu via como obrigação – meu trabalho – proteger minha mãe e nunca a distrair dos seus escritos. Nunca passou pela minha cabeça dizer que eu precisava de um pouco de seu tempo e de sua atenção.
Quando me batiam na escola – acusada de ser esnobe por ter a pele um pouco mais clara que a de minhas colegas negras – eu sempre dizia para minha mãe que tudo estava bem, que eu tinha ganho a briga. Eu não queria preocupá-la.
Mas a verdade é que eu era muito solitária e, com o conhecimento da minha mãe, eu comecei a ter relações sexuais com 13 anos. Eu acho que foi um alivio para a minha mãe, já que isso significava que eu demandaria menos atenção dela. E ela sentiu que ser sexualmente ativa me dava poder porque isso significava que eu estava no controle do meu corpo.
Agora eu simplesmente não entendo como ela pôde ser tão permissiva. Eu mal quero deixar meu filho sair de casa para um encontro com amigos e deixá-lo dormir por aí sozinho fora de casa, sendo ele ainda um garoto que acabou de sair da escola fundamental.
Uma boa mãe é atenta, coloca limites e faz o mundo ser mais seguro para a criança. Mas minha mãe não fez nenhuma destas coisas,
Embora estivesse usando a pílula – algo que eu arrumei aos 13 visitando o médico com minha melhor amiga – fiquei grávida aos 14. Eu organizei um aborto sozinha. Agora eu me estremeço com essa lembrança. Eu era apenas uma pequena menina. Não me lembro da minha mãe ter ficado assustada ou triste. Ela tentou apoiar, me acompanhando com seu namorado.
Mesmo acreditando que o aborto naquele momento era a decisão certa para mim, as conseqüências me assombraram por décadas. Tirou minha auto-confiança e, até ter tido meu filho Tenzin, eu estava aterrorizada com a idéia de que eu nunca conseguiria ter um bebê pelo que eu fiz com a criança que eu destruí. Pois é simplesmente errado o que as feministas dizem, que o aborto não tem conseqüências.
Quando criança, eu estava terrivelmente confusa, porque enquanto eu estava me alimentando de uma mensagem fortemente feminista, eu na verdade desejava uma mãe tradicional. A segunda esposa do meu pai, Judy, era uma amável dona de cada com cinco crianças que ela amava loucamente.
Sempre tinha comida na geladeira e ela fazia tudo o que minha mãe não fazia, como ir aos eventos da escola, tirar mil fotografais e dizer às suas crianças a cada momento quão maravilhosas elas eram.
Minha mãe estava no pólo oposto. Ela nunca veio em nenhum evento da escola, ela nunca comprou nenhuma roupa para mim, ela sequer me ajudou a comprar meu primeiro sutiã – uma amiga foi paga para ir comprar comigo. Se eu precisava de ajuda com minha tarefa escolar, perguntava para o namorado da minha mãe.
Mudar de uma casa para a outra era terrível. Na casa do meu pai eu me sentia bem mais cuidada. Mas, se eu dissesse para minha mãe que eu tinha passado bons momentos com a Judy, ela me olhava desconsolada – fazendo-me sentir que, ao invés dela, eu estava escolhendo esta mulher branca e privilegiada. Fui ensinada a sentir que tinha que escolher um esquema de idéias, acima de outro.
Quando cheguei na casa dos 20 anos e senti pela primeira vez um desejo de ser mãe, fiquei totalmente confusa. Eu podia sentir meu relógio biológico fazendo tic-tac, mas eu sentia que, se eu o escutasse, eu estaria traindo minha mãe e tudo o que ela tinha me ensinado.
Eu tentei tirar isso da cabeça, mas durante os dez anos seguintes o desejo ficou mais intenso, e quando eu conheci o Glen, um professor, numa conferência há 5 anos atrás, eu sabia que eu tinha encontrado o homem com o qual eu queria ter um bebê. Ele é gentil, carinhoso, me apóia em tudo e, como eu soube que seria, ele é o mais maravilhoso dos pais.
Mesmo sabendo o que minha mãe sentia por bebês, eu ainda tinha esperança que quando eu lhe contasse que estava grávida, ela ficaria alegre por mim.
Mãe, estou grávida
Em vez disso, quando eu liguei para ela numa manhã de primavera de 2004, enquanto eu estava em uma de suas casas cuidando dos afazeres domésticos, e lhe contei minha novidade, e que nunca tinha estado tão feliz, ela silenciou. Tudo o que ela pôde dizer é que estava chocada. Ela então perguntou se eu poderia cuidar do jardim. Eu desliguei o telefone e chorei convulsivamente – ela tinha se recusado a dar sua aprovação com a intenção de me machucar. Qual mãe amorosa faria isso?
O pior ainda estava por vir. Minha mãe se ofendeu com uma entrevista na qual eu mencionei que meus pais não me protegiam nem se preocupavam comigo. Ela me mandou um e-mail ameaçando minar minha reputação como escritora. Eu não podia acreditar que ela seria capaz de ser tão ofensiva – particularmente quando estava grávida.
Devastada, eu lhe pedi que se desculpasse e reconhecesse o quanto ela tinha me machucado durante os anos com negligência, não me dando afeto e me culpando por coisas que eu não tinha controle – o fato de ser fruto de uma mistura de duas raças, de ter um pai rico, branco e profissional e até mesmo pelo simples fato de ter nascido.
Mas ela não voltou atrás. Em vez disso, ela me escreveu uma carta dizendo que nossa relação foi, durante muitos anos, inconseqüente, e que ela não estava mais interessada em ser minha mãe. Ela até assinou a carta com o seu primeiro nome, em vez de “mãe”.
Isso tudo foi um mês antes do nascimento de Tenzin, em Dezembro de 2004, e eu não tive contato com minha mãe deste então. Ela não fez contato nem quando ele foi levado para a unidade de terapia intensiva infantil, depois de ter nascido com dificuldades respiratórias.
E eu até ouvi falar que minha mãe me cortou de seu testamento em favor de um dos primos. Eu me sinto terrivelmente triste – minha mãe está perdendo uma grande oportunidade de estar junto de sua família. Mas eu também estou aliviada. Diferente da maioria das mães, a minha nunca teve orgulho das minhas conquistas. Ela sempre teve uma estranha competitividade que a levou a me inferiorizar em quase todos os momentos.
Quando eu entrei na Universidade de Yale – uma grande conquista – ela me perguntou porque raios eu gostaria de ser educada numa universidade ícone da masculinidade. Sempre que eu publicava algo, ela queria escrever a versão dela, tentando eclipsar a minha. Quando eu escrevi minha memória, “Negra, branca e Judia”, minha mãe insistiu em publicar a sua versão. Ela acha impossível estar fora do palco das celebridades, o qual é extremadamente irônico à luz da sua visão de que todas as mulheres são irmãs e deveriam apoiar uma às outras.
Já se passaram quase quatro anos desde o último contato com minha mãe, mas é para o melhor – não somente para a minha auto-proteção, mas para o bem estar de meu filho. Eu fiz de tudo para ser uma filha leal, amorosa, mas eu não posso mais deixar que essa relação venenosa destrua a minha vida.
Eu sei que muitas mulheres estão chocadas pela minhas opiniões. Elas esperam que a filha de Alice Walker dê uma mensagem bem diferente. Sim, sem dúvida o feminismo deu oportunidades para as mulheres. Ajudou a abrir as portas para nós em escolas, universidades e nos locais de trabalho. Mas, e os problemas que foram causou às minhas contemporâneas?
E as crianças?
A facilidade com que as pessoas se divorciam hoje em dia não leva em conta o prejuízo sofrido pela criança. Isso tudo é uma parte da incompleta empresa feminista.
E depois tem a questão de não ter criança. Até hoje, eu encontro mulheres nos seus 30 anos que estão em dúvida sobre ter uma família. Elas dizem coisas do tipo: “eu gostaria de ter uma criança. Se isso acontecer, aconteceu”. Eu digo para elas: “Vá para casa e se esforce nisso porque sua janela de oportunidades é muito pequena”. Como eu sei muito bem.
Aí eu encontro mulheres nos seus 40 e poucos anos que estão devastadas porque gastaram duas décadas trabalhando num PhD ou se tornando sócia numa firma de advocacia, e perderam a chance de ter uma família. Graças ao movimento feminista, elas subestimaram os seus relógios biológicos. Elas perderam a oportunidade e estão lamentando.
O feminismo levou toda uma geração de mulheres a uma vida sem crianças. Isso é devastador.
Mas longe de tomar a responsabilidade por qualquer uma destas coisas, as líderes dos movimentos de mulheres se fecham contra qualquer um que ouse questioná-las – como eu aprendi com muito custo. Eu não quero machucar minha mãe, mas eu não posso ficar calada. Eu acredito que o feminismo é um experimento, e todo experimento precisa ser avaliado pelos seus resultados. E então, quando você vê os enormes erros que custaram, você precisa fazer alterações.
Eu espero que minha mãe e eu nos reconciliemos um dia. Tenzin merece ter uma avó. Mas eu estou simplesmente muito aliviada por meus pontos de vista não estarem mais sendo influenciados pela minha mãe.
Eu tenho minha própria feminilidade, e descobri o que realmente importa – uma família feliz.