Antes do artificialismo atual no referente a modas e costumes femininos, impostos pelos técnicos de opinião pública, houve época em que havia organicidade nessa matéria, devido à influência natural de senhoras exponenciais em determinado âmbito social
C.A.
Houve tempo em que ... a moda feminina em cada cidade era em grande parte determinada pelo feitio pessoal das senhoras de mais representatividade, de maior beleza, de maior capacidade de entreter pessoas, de conduzir uma vida social, de dirigir uma roda onde se conversava. Elas tinham personalidade. A partir de seu modo de ser, a vida da cidade se modelava.
Tal sistema orgânico foi modificado quando os técnicos do cinema - e depois os da televisão - passaram a criar modelos femininos que se tomavam obrigatórios para todas as cidades.
"Eu ainda alcancei em São Paulo - observou o Prof Plinio Corrêa de Oliveira, em recente palestra feita em auditório da TFP - algumas senhoras de gerações mais antigas, de tanta distinção, tanta beleza, tanta maternalidade, de uma taL consciência de seus deveres de esposas, que o modo de ser deLas inspirava o modo de ser da classe dominante. TaL classe, por sua vez, inspirava o modo de ser da CapitaL, a quaL inspirava, por fim, o //lodo de ser das cidades do interior.
"Hoje em dia, não. Não se deve mais ser como taL senhora, que possui uma taL Liderança sociaL, mas sim como determinada atriz (ou apresentadora de TV), que é modelada por um técnico de opinião púbLica.
"Então, uma série de modos, de gostos, de músicas, de comidas, enfim, de tudo modifica-se deforma antinatural, em função da moda previamente organizada".
Esta observação do Prof Plinio Corrêa de Oliveira. apresentada com uma simplicidade ao alcance de todos, é entretanto de grande profundidade psicológica. E sua cabal comprovação a encontramos na bem nutrida história das decadências deste nosso século, que agora agoniza sem glória nem contrição.
Um curioso artigo que a "Gazeta Mercantil" (19-4-94) reproduziu do "The Wall Street Journal" está dentro do nosso tema. Ao tratar da influência crescente que as modelos de cinema e TV vêm exercendo em nossos dias, o articulista, Eben Shapiro, afirma:
As modelos estão preenchendo as lacunas deixadas pelas estrelas de Hollywood.
"As supermodelos ganharam um novo tipo de status. Elas aparecem em cinema:. e em shows de televisão. Elas são o ponto de convergência dos canais de TV a cabo e de revistas. Elas endossam produtos que vão de refrigerantes a calçados para ginástica”. Elas manipulam "imagens vendáveis amplamente criativas ". São poucas as empresas - revela o articulista - que não estão tentando novas fórmulas para 'utilização das imagens das modelos.
O empresário Anthony Guccione procura levantar 60 milhões de dólares para lançar a FAD- TV, um canal de TV a cabo com 24 horas dedicadas ao mundo da moda! "O futuro da moda é a televisão”, diz ele.
E já tem um concorrente. Thomas E. Palmieri Jr. também está desenvolvendo um canal de televisão a cabo para transmitir programas de moda. Embora reconheça que "com a proliferação dos canais de televisão a cabo, estamos criando um monstro tecnológico".
Com tal sistema, é a modelo quem vai ditar a moda (na aparência). Na realidade, como ela normalmente não passa de uma funcionária paga - e, conforme o caso, muito bem paga -, para não perder seu rendoso emprego, ela vai se apresentar exatamente como lhe for indicado pelo técnico em opinião pública.
Este sim, na sombra, é o verdadeiro ditador da moda, ao veredicto do qual se dobra o próprio empresário, sempre desejoso de ver seu produto expandir-se e seu lucro crescer.
Como era mais orgânico, mais natural, mais católico e mesmo mais humano o tempo em que as damas davam o tom feminino da sociedade!
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