sexta-feira, 18 de abril de 2008

Dois mundos, o de ontem e o de hoje


Os trajes podem refletir a compostura. Mas trajes extravagantes se encontram hoje, lamentavelmente, por todas as ruas e em qualquer lugar do mundo.

Carlos Eduardo SchafferCorrespondente - Áustria

A Kärtnerstrasse, saindo do Ring, conduz à Catedral de Santo Estêvão. Andando por essa rua central de Viena, encontrei numa livraria um álbum sobre trajes típicos austríacos. Nele selecionei a ilustração ao lado.
Pouco adiante, parei diante de uma loja de moda jovem, cuja vitrine expunha os manequins que se vêem na foto da direita.
Dois quadros a refletirem dois mundos — o de ontem e o de hoje.

No primeiro, pinturas retratam pessoas do povo com vestimentas típicas de diversas regiões da Áustria. Homens e mulheres, ainda no viço da juventude, portam trajes característicos de sua profissão. Facilmente se distinguem a dona-de-casa, a jovem que leva frutos para casa, o caçador, o tocador de tuba, o vendedor de pequenos objetos de utilidade doméstica. Por fim, vê-se uma moça que, com seu missal, dirige-se à igreja.
Recato no vestir, dignidade no porte. Tudo neles reflete pujança de personalidade, onde nada é uniforme; tudo mostra originalidade e bom gosto, sem extravagância; tudo exprime felicidade de situação e bem estar de uma vida de bons costumes, longe da agitação das grandes cidades hodiernas.

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A foto à esquerda é de uma loja de confecções considerada chic. Nela vêem-se dois manequins com roupas que, durante o verão europeu, incontáveis rapazes usam desinibidamente por toda parte, tanto nas cidades quanto nas praias.
No manequim da direita, com as roupas interiores aparecendo sob as exteriores, encontra-se a aversão à boa ordem das coisas. Enfim, trajes indecorosos e ordinários, impostos à juventude de hoje por uma moda imbecilizante.
A beleza desapareceu, substituída pelo vulgar e desleixado. O despudor expulsou o recato. Da dignidade cristã não resta qualquer vestígio. Tudo tende à extravagância, à desordem e ao desbragado.

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Bem poderia ser tachado de malfeitor quem despojasse de seus trajes típicos os personagens do primeiro quadro e os vestisse com os andrajos do segundo. E com razão, pois estaria extinguindo do convívio humano os valores cristãos que amenizam a vida nesta Terra: a beleza, o bom gosto, o recato e a dignidade. Até lá nos levam os ditames da moda.

“Ó liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome!” –– bradou Mme. Roland a caminho da guilhotina na Revolução Francesa. Parafraseando-a, bem se poderia dizer: “Ó moda! Quantos desatinos se cometem em teu nome!"

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