terça-feira, 22 de abril de 2008

O retorno à ordem natural


Uma sadia tendência se esboça entre mulheres que trabalham fora do lar: ao invés da disputa pelos postos no mercado de trabalho, impulsionada pelas feministas, nota-se certa propensão à volta da tradicional situação de dona-de-casa, em seu nobre papel de esposa e mãe


Há uma expressão francesa que sintetiza muito apropriadamente esse assunto: “Chassez le naturel, il reviendra au galop” (expulsai o que é natural, e ele retornará a galope). Quando a ordem natural é violada, ela se vinga. Pode demorar, mas seu dia chegará.
É o que vem à mente ao ler algumas interessantes e eloqüentes reportagens indicando que o papel tradicional da esposa — dentro do lar e maternalmente dedicada aos filhos — está em alta. E está em baixa o modelo de mulher dita emancipada, trabalhando fora, numa empresa — numa fábrica de automóveis, por exemplo — em trajes masculinos e com cigarro nos lábios. Isso já esteve no vento da modernidade, mas vem perdendo o prestígio.

O extremismo feminista

Em larga medida propulsionado por homens, o Movimento Feminista, — que se dizia favorável às mulheres, mas no fundo lhes causava danos — protagonizou, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, várias reivindicações igualitárias e antinaturais. Dizia querer colocar a mulher no mesmo nível do homem — manifestações de rua, direito aos mesmos trabalhos, aos mesmos trajes, liberação sexual, controle de natalidade, direito (sic) ao aborto etc. Promovia agitações reivindicando uma ordem social contrária à natureza das coisas estabelecida por Deus, segundo a descrevem os documentos pontifícios.
Feministas mais radicais sonhavam com uma total inversão de valores: a instituição dos donos-de-casa. Ou seja, o homem de avental, junto ao fogão, cozinhando, limpando a casa, lavando e passando roupas, trocando fraldas, tomando conta das crianças etc. E a mulher emancipada, trabalhando numa indústria ou dirigindo seu próprio negócio; e ao chegar tarde, de volta à casa, encontrando a mesa posta pelo marido. Uma inversão de valores, uma aberração da natureza.

Em boa hora, o caminho de volta

Entretanto, na aurora deste novo século, percebem-se, cá e lá, movimentos no sentido de restabelecer a ordem natural numa sociedade mais orgânica.
Como exemplo, vejamos o que diz uma reportagem do suplemento “Domingo”, do “Jornal do Brasil” de 29-1-01, com o sugestivo título: De volta para Casa:
“Fraldas, mamadeiras, espanadores, pias, tanques, fogões: eis o novo paraíso. Dito assim, três décadas depois da consagração do feminismo, pode causar arrepios e soar até como deboche ou piada. Mas é fato: um número cada vez maior de mulheres está trocando as mazelas do mercado de trabalho e percorrendo o caminho de volta... ao lar-doce-lar. O que já é realização para muitas — e para isso há que se ter um provedor — é sonho acalentado por inúmeras. Pergunte à sua vizinha. Não há dúvida, existe um desejo no ar”.
Certas feministas poderiam qualificar essa tendência como um comportamento medievalista, o retrocesso a um estado de vida inferior. E, na tentativa de conter a aptidão inata do sexo feminino — a de mãe de família —, gostariam certamente de organizar novas manifestações pelas ruas, bradando slogans pela completa liberação da mulher, pela igualdade entre os sexos, pelo direito de trocar o ambiente do lar pelo de trabalho etc.
Tais rebeliões feministas são, aliás, muito do agrado e muito impulsionadas por partidos de tipo comunista. Em abono dessa afirmação, basta recordar aqui um ultrajante trecho de Lênin, no Congresso Comunista de 16 de novembro de 1924:
“Para que a Revolução triunfe, precisamos da mulher, para tê-la é preciso fazê-la sair do lar, é preciso destruir nela o sentimento egoísta e instintivo do amor materno. A mulher que ama os seus filhos não passa de uma cadela, de uma fêmea”.

Na contramão dos ventos da modernidade

Mas a natureza tem falado mais alto e o amor materno vai reafirmando seus direitos. Outras reportagens análogas à do “Jornal do Brasil” têm sido publicadas, nas quais mulheres muito bem colocadas no mercado de trabalho, e que tudo fizeram para percorrer o caminho do lar ao trabalho, agora estão trilhando o caminho de volta ao lar, ou pelo menos manifestando esse desejo. Não é raro encontrar entrevistas até mesmo com jovens universitárias, cujo ideal não é o de seguir carreira, mas casarem-se e terem vários filhos, pois cuidar da casa também é um trabalho; e, assim, sentirem-se mais realizadas e contentes.
Nesse mesmo sentido, o “Estado de S. Paulo”, de 4-2-01, publicou matéria intitulada: Profissionais brilhantes viram donas de casa. A jornalista Gláucia Leal assim iniciou o tema: “Corajosas, elas navegam na contramão dos apelos do mercado de trabalho e da mídia. Poderiam ser profissionais de sucesso — várias foram educadas para isso. Mas decidiram ser donas de casa. Apesar dos preconceitos, pressões sociais e até dos próprios questionamentos, optaram por interromper a carreira e dedicar-se à rotina doméstica e a cuidar dos filhos”.
Também a revista “Veja”, de 16-02-01, publica um artigo assinado por Tatiana Chiari com o título: Dona de casa e... com muito orgulho, na linha das matérias acima mencionadas.

Rainha do lar, e não fora do lar

Não se trata aqui de discutir a questão de quem é superior, o homem ou a mulher, pois ambos têm missões diferentes e complementares. O homem desempenha o papel de pater, impondo o respeito, a obediência, e tratando do provimento da casa. Isto dá estabilidade e segurança à família. E a mulher, no papel de mater, com sua delicadeza, seu afeto natural, sua bondade de coração e zelo pelos filhos, tem função incomparável e insubstituível dentro do lar. Nada mais triste que um lar monoparental, onde um dos dois falta.
Grande é a missão para a qual a Providência destinou a mulher: a de esposa, mãe e rainha do lar, o que é incomparavelmente mais nobre e elevado do que administrar uma fábrica, um escritório ou uma cidade, por maior e mais rica que esta seja.
Querer inverter ou igualar esses papéis constitui uma revolta contra a própria natureza humana, a qual dá sinais de estar-se vingando e levando a mulher, por fim, a recuperar sua verdadeira vocação e felicidade.

Após um século, a volta do natural

Antes de finalizar, parece conveniente inserir uma ressalva: vemos esta propensão natural da mulher — a troca do ambiente de trabalho fora do lar pelas atividades domésticas — com muita simpatia. Mas compreendemos que, devido à espantosa desagregação da família no mundo atual, muitas mães sejam obrigadas a trabalhar fora. Hélas! Isto se deve, muitas vezes, a uma imposição de uma civilização neopagã, que se distancia cada vez mais dos princípios católicos.
Estamos longe de afirmar que essa é uma tendência generalizada e existente em todos os países. Estamos apenas chamando a atenção para um fato novo: a apetência por autênticos valores familiares e uma repulsa pela luta dos sexos, uma como que luta de classes igualitária da mulher contra o homem. E isto é um sinal que aponta para um bom começo; pois quem poderia imaginar que aqueles valores tradicionais — tão combatidos pelos movimentos comunista e feminista do século XX —estariam hoje sendo restaurados, em pleno século XXI?

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