domingo, 17 de agosto de 2008

A SANTIDADE DA MÃE



O trecho que ora transcrevemos, extraído do livro de Mons. Delassus, O Espírito Familiar, focalizará o papel da mãe de família para formar seus filhos na virtude e na fidelidade aos princípios perenes da Doutrina Católica – papel insubstituível e particularmente importante nos tempos atuais, em que a instituição familiar está sendo desagregada de modo inclemente.
Superior à influência exercida pela soma de todos os preceptores que alguém possa ter em sua adolescência, é o benéfico influxo representado pelas virtudes da boa mãe que marcam indelevelmente uma pessoa; esta será, geralmente, em grande medida modelada por aquilo que recebeu da formação materna.

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Feliz o homem a quem Deus deu uma santa mãe! – disse Lamartine. Apesar dos desvios da sua imaginação, Lamartine guardou sempre a lembrança da educação cristã que lhe deu sua mãe. Mais de dois anos antes de sua morte, ele se ajoelhou na semana de Páscoa à Santa Mesa, ao lado de sua mãe. Como diz Joseph de Maistre: ‘Se a mãe tomou como um dever imprimir profundamente na fronte de seu filho o caráter divino, pode-se estar praticamente seguro de que a mão do vício nunca o apagará inteiramente’.
“Quantas outras mães imprimiram profundamente, na alma dos filhos, o respeito, o culto, a adoração de Deus, de Quem elas eram para eles, pela pureza de vida, a imagem viva!
“Como mãe, a mulher cristã santifica o homem-filho; como filha, ela edifica o homem-pai; como irmã, ela melhora o homem-irmão; como esposa, ela santifica o homem-esposo”.

A “raiz” da santificação

“‘Eu quero fazer do meu filho um santo’ – dizia a mãe de Santo Atanásio.

“‘Graças mil vezes, meu Deus, por nos terdes dado por mãe uma santa!’ – exclamaram por ocasião da morte de Santa Emília seus dois filhos, São Basílio e São Gregório Nazianzeno.

“‘Ó! meu Deus, eu devo tudo a minha mãe!’ – dizia Santo Agostinho.

“Como gratidão por tê-lo tão profundamente impregnado da doutrina de Cristo, São Gregório Magno mandou pintar sua mãe Sílvia ao seu lado, com vestido branco e a mitra dos doutores, estendendo dois dedos da mão direita, como para abençoar, e tendo na mão esquerda o livro dos santos Evangelhos diante dos olhos de seu filho.

“Quem nos deu São Bernardo, e o fez tão puro, tão forte, tão abrasado de amor por Deus? Sua mãe, Aleth.

“Mais perto de nós, Napoleão disse: ‘O futuro de uma criança é a obra da sua mãe’. E Daniel Lesueur afirma: ‘Quando se é alguém, é muito raro que isso não se deva à própria mãe’. Pasteur afirmou: ‘Ó meu pai e minha mãe, que vivestes tão modestamente, é a vós que eu devo tudo! Teus entusiasmos, minha valorosa mãe, tu os fizeste passar para mim. Se eu sempre associei a grandeza da ciência à grandeza da pátria, é porque eu estava impregnado dos sentimentos que tu me havias inspirado’. A alguns que o felicitavam por ter o gosto da piedade, o Santo Cura d'Ars disse: ‘Depois de Deus, isto se deve à obra de minha mãe’.

“Quase todos os santos fizeram remontar as origens da sua santidade à própria mãe”.

A “raiz” de grandes personagens ...

“Pode-se acrescentar que os grandes homens também foram feitos pelas próprias mães.

“O Bispo Castulfo, numa carta a Carlos Magno, recorda-lhe a lembrança de sua mãe, Berta, e lhe diz: ‘Ó rei, se Deus todo poderoso vos elevou em honra e glória acima de vossos contemporâneos e de todos os vossos predecessores, vós o deveis sobretudo às virtudes de vossa mãe!’

“‘É sobre os joelhos da mãe – disse Joseph de Maistre – que se forma o que há de mais excelente no mundo’.

“Ela é no lar essa chama resplandecente de que fala o Evangelho, distribuindo sobre todos a luz da Fé e o ardor da caridade divina. A ela incumbe vivificar na família a idéia da soberania de Deus, nosso primeiro princípio e nosso último fim, o amor e reconhecimento que devemos ter por sua infinita bondade, o temor da sua justiça, o espírito de religião que nos une a Ele, a lei dos castos costumes, a honestidade dos atos e a sinceridade das palavras, o devotamento e ajuda mútua, o trabalho e a temperança” ....

... e de homens de qualquer condição social

“‘Na família operária – diz Augustin Cochin – a figura dominante é a da mãe. Tudo depende da sua virtude e acaba por se modelar de acordo com ela. Ao marido competem o trabalho e o aprovisionamento do lar, e à mulher os cuidados e a direção interior. O marido ganha, a mulher poupa. O marido alimenta os filhos, a mulher os educa. O marido é o chefe da família, a mulher é seu elo de união com ela. O marido é a honra do lar, a mulher a sua bênção’.
Mãe católica: “raiz” do heroísmo
“O Visconde de Maumigny escreveu:
“‘Devemos às nossas mães e irmãs o fundo de honra e de devotamento cavalheiresco que é a vida da França. Nós lhes devemos a Fé católica. Discípulas da Rainha dos Apóstolos e dos Mártires, as mães fizeram passar seus corações aos dos filhos....’
“‘Maria Santíssima, o modelo das mães, ensinou-lhes como se sacrifica um filho único a Deus e à Igreja. Ao ouvir as narrações dessas imolações sublimes [este texto foi redigido em 1862, quando os Zuavos Pontifícios derramavam seu sangue para defender a Santa Sé], Pio IX comentava: ‘Não, a França que produziu tais santas não perecerá jamais!’
“A primeira vez que a heróica viúva de Pimodan viu o Papa, não lhe disse ‘Oh! Santo Padre, devolvei-me meu marido!’, mas disse: ‘Oh! Dizei-me que ele está no Céu!' E quando Pio IX respondeu ‘Não rezo mais por ele’, ela não perguntou mais nada, pois entendeu que era viúva de um mártir, e isso bastava.
“Em Castelfidardo os zuavos pontifícios combatiam sob os olhos de suas mães, presentes em seu pensamento e entre as paredes do santuário onde a Rainha dos Mártires gerou o Rei dos Mártires. Todos, enquanto marchavam contra o inimigo, repetiam esta frase de um deles: ‘Minha alma a Deus, meu coração à minha mãe, meu corpo a Loreto’. À mãe deles, a Maria Santíssima, que a todos inspirava, reverte a honra da batalha. Como outrora os cruzados, e mais tarde os vendeanos, foi sobre os joelhos das mães que eles aprenderam a morrer por Deus, pela Igreja e pela Pátria”. (Mgr Henri Delassus, L'Esprit Familial dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 165 a 175).

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“Síntese amplíssima de todas as mães”
Com o texto acima, encerramos as transcrições dos trechos selecionados da esplêndida obra do polemista católico Mons. Henri Delassus.
Não sem antes lembrar como o insigne fundador da TFP, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, atribuía o melhor de sua formação moral e religiosa a sua querida mãe, a tradicional dama paulista, Da. Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira. Exemplo de mãe extremamente carinhosa mas firme, Da. Lucília realizou o ideal de mulher inteiramente brasileira, inteiramente católica e inteiramente aristocrática, numa época em que já a figura materna ia sendo obscurecida pelas ondas revolucionárias das modas e dos hábitos modernos.
E, como fecho desta série, reproduzimos a seguir algumas palavras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre Aquela que é o mais alto modelo da verdadeira mãe de família: Nossa Senhora – Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo e Filha de Deus Pai – da Qual ele sempre foi ardentemente devoto.
"A Santíssima Virgem representa a quintessência inefável, a síntese amplíssima de todas as mães
que existiram, que existem e que existirão.De todas as virtudes maternas que a inteligência e o coração humano podem conhecer. Ainda mais: daqueles graus de virtude que apenas os santos sabem encontrar,e dos quais somente eles sabem alcançar,voando com as asas da graça e do heroísmo.
É a mãe de todos os filhos e de todas as mães.É a mãe de todos os homens. É a mãe do Homem.
Sim, do Homem-Deus que se fez Homem no seio virginal dessa Mãe,para resgatar todos os homens.
É uma Mãe que se define com uma palavra:mar.Que, por sua vez, dá origem a um nome.
Um nome que é um céu: Maria".

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