sexta-feira, 11 de abril de 2008

O que ensina a Igreja sobre a desigualdade dos sexos





Equiparação de direitos, independência econômica, insubordinação ao jugo do marido — eis algumas exigências do chamado feminismo, que, pleiteando uma falsa emancipação da mulher, na verdade a desfavorece

A família de Ferdinando IV (1783) — Angélica Kaufmann. A pintura da família desse soberano reflete de modo adequado o ambiente de harmonia e tranqüilidade que deve reinar na instituição familiar.









[...] Pediram-nos que mostrássemos, com base na doutrina católica, os fundamentos da nossa posição a respeito da apregoada igualdade entre os sexos, particularmente entre marido e mulher.


Primeiramente faz-se necessário esclarecer que "nossa posição" não é nossa, pois a "nossa" é a posição da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a qual adotamos por fé e convicção.
Com efeito, em seu Magistério perene, a Igreja faz notar que há, entre os seres humanos, uma igualdade essencial e desigualdades acidentais.



Todos os homens e mulheres são iguais quanto à sua natureza: animalidade e racionalidade. Também são iguais quanto à sua origem: foram criados por Deus. E quanto a seu fim: todos, segundo o plano do Criador, são destinados à bem-aventurança eterna.



Entretanto, quanto aos acidentes decorrentes da natureza humana os homens são desiguais. Desigualdade que se manifesta nas potências da alma humana — inteligência, vontade, sensibilidade — e igualmente quanto às forças corporais.



Tais considerações facilitam a compreensão da igualdade/desigualdade entre homem e mulher. Os papéis que eles representam na instituição familiar são diversos e complementares, ambos necessários. Entre os dois há uma hierarquia. O pai de família é o chefe, embora tanto o marido quanto a esposa exerçam, um após o outro, o pátrio poder sobre os filhos. Metaforicamente falando, o homem é a cabeça, e a mulher o coração. O corpo da sociedade familiar, assim como não vive sem a cabeça, não vive sem o coração. Um representa a autoridade, o outro a bondade.






Fundamento na Sagrada Escritura



São Paulo ensina em sua Epístola aos Efésios:



"As mulheres sejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja, seu corpo, do qual ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim [o estejam] também as mulheres a seus maridos em tudo [o que não seja contra a lei de Deus].... Cada um de vós [a exemplo de Cristo, que ama a sua Igreja] ame sua mulher como a si mesmo; e a mulher reverencie o seu marido" (Ef. 5, 22-33).



E na primeira Epístola de São Pedro, lê-se um tópico bastante significativo sobre o tema:



"As mulheres sejam submissas a seus maridos, para que, se alguns não crêem na palavra, sejam ganhos pelo proceder de suas mulheres. .... Do mesmo modo, vós, maridos, convivei sabiamente com vossas mulheres, tratando-as com honra, como seres mais fracos, e como herdeiras convosco na graça da vida [eterna]" (I Ped. 3, 1-7).



Haveria muitos outros textos a citar. Assim, a moderna reivindicação de total igualdade entre homem e mulher, que postula a emancipação da mulher da autoridade do marido, é contrária ao ensinamento insofismável da Sagrada Escritura.



E tal ensinamento evangélico é reafirmado pelo Magistério da Santa Igreja. São inúmeros os documentos dos Papas sobre esse importante assunto. Vejamos um, emanado do Papa Pio XI (1922-1939).



A emancipação da mulher



"Os mesmos mestres do erro, que por escritos e por palavras ofuscam a pureza da fé e da castidade conjugal, facilmente destroem a fiel e honesta sujeição da mulher ao marido. Ainda mais audazmente, muitos deles afirmam com leviandade ser ela uma indigna escravidão de um cônjuge ao outro; visto os direitos entre os cônjuges serem iguais, para que não sejam violados pela escravidão de uma parte, defendem com arrogância certa emancipação da mulher, já alcançada ou a alcançar. Estabelecem mais, que esta emancipação deve ser tríplice: no governo da sociedade doméstica, na administração dos bens da família e na exclusão e supressão da prole, isto é, social, econômica e fisiológica. Fisiológica enquanto querem que a mulher, de harmonia com a sua vontade, seja ou deva ser livre dos encargos de esposa, quer conjugais, quer maternos (esta, mais do que de emancipação, deve apodar-se de nefanda perversidade, como já suficientemente demonstramos). Emancipação econômica por força da qual a mulher, mesmo sem conhecimento e contra a vontade do marido, possa livremente ter, gerir e administrar os seus negócios privados, desprezando os filhos, o marido e toda a família. Emancipação social, enfim, enquanto se afastam da mulher os cuidados domésticos tanto dos filhos como da família para que, desprezados estes, possa entregar-se até às funções e negócios públicos".






Prejuízo da mulher



"No entanto, nem esta emancipação da mulher é verdadeira, nem é a razoável e digna liberdade que convém à cristã e nobre missão da mulher e esposa; é antes a corrupção da índole feminina e da dignidade materna e a perversão de toda a família, enquanto o marido fica privado de sua mulher, os filhos da sua mãe, a casa e toda a família da sua sempre vigilante guarda. Pelo contrário, essa falsa liberdade e essa inatural igualdade com o homem redundam em prejuízo da própria mulher; porque, se a mulher desce daquele trono real a que dentro do lar doméstico foi elevada pelo Evangelho, depressa cairá na antiga escravidão (se não aparente, certamente de fato), tornando-se, como no paganismo, simples instrumento do homem"1.



***



O Santo Padre Pio XI deixa claro que "essa inatural igualdade" rebaixa a própria mulher. A tal propalada "libertação da mulher" fará com que ela retroceda ao período de brutalidade e humilhação, que padecia entre os povos pagãos. Foi somente quando esses povos se converteram ao catolicismo que a mulher foi resgatada da servidão em que vivia, e passou pouco a pouco a ser respeitada, enobrecida e elevada à condição de dignidade querida por Deus. O mesmo passou-se no Brasil quando os missionários, civilizando os indígenas, os resgataram do estado de promiscuidade selvagem no qual viviam e instituíram entre eles o matrimônio como sacramento.
Palavras do Papa Pio XII
Em discurso à Juventude Feminina Italiana, o Papa Pio XII (1939-1958), sucessor imediato do Pontífice acima citado, defende o mesmo princípio.



"A estrutura atual da sociedade, que tem por fundamento a quase absoluta paridade entre o homem e a mulher, baseia-se num pressuposto ilusório. É verdade que o homem e a mulher são, pelo que se refere à personalidade, iguais em dignidade e honra, valor e estima. Mas nem em tudo são iguais. Certos dotes, inclinações e disposições naturais são próprios exclusivamente do homem ou da mulher, ou lhes são atribuídos em graus e valores diversos, umas vezes mais ao homem, outras mais à mulher, da mesma maneira que a natureza lhes deu também distintos campos de postos de atividade. Não se trata aqui de capacidades ou disposições naturais secundárias, como seria a propensão ou aptidão para as letras, as artes ou as ciências, mas de dotes de eficácia essencial na vida da família e do povo" 2.
Notas:
1.Pio XI, "Casti connubii", 31-12-30, Editora Vozes, Petrópolis, 1951, pp. 32-33.
2.Pio XII, "La Letizia", Alocução em 24-4-43. Editora Vozes, Petrópolis, 1954, p. 8.

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